Nem medo nem provocação
No dia em que derrotou o parecer do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), favorável à denúncia contra Michel Temer, na CCJ da Câmara, o governo deu sinais de que perdeu a pressa que o movia antes mesmo de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir a abertura de processo contra o presidente da República.
O líder do Governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou as razões: o ônus de reunir o quórum de 342 deputados no plenário é da oposição, que é quem quer aprovar a denúncia. Diante das dificuldades da oposição de reunir 2/3 do efetivo da Câmara, o governo poderia chegar ao final de 2018 tocando os seus projetos sem votar a denúncia ou as denúncias de Janot, considerando a de crime de corrupção passiva apenas como a primeira delas.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a quem compete convocar e decidir as sessões da Câmara e o presidente da República não concordam com essa tese. Afinal, eles estão diante de uma solicitação da presidente do Supremo Tribunal Federal.
Como ensina a sabedoria popular, o governo não deve evitar a votação da denúncia, de modo que aparente medo de enfrentar a situação, nem empurrar para a oposição a responsabilidade pela reunião do quórum exigido, para que não pareça uma provocação à Corte Suprema.
Assim como derrotou a denúncia de Janot na CCJ, o governo terá condições de derrotá-la no plenário em 2 de agosto.
As outras denúncias virão logo. É indiscutível a pressa de Rodrigo Janot, uma vez que a substituta do procurador-geral da República, Raquel Dodge, já foi nomeada e toma posse em 18 de setembro.