Nova tentativa para a Reforma da Previdência
Os governistas na Câmara ensaiam retomar os debates em torno da Reforma da Previdência logo no início de setembro, com a mobilização de aliados, consultores e autoridades do governo. A discussão da reforma deve recomeçar do ponto em que parou: o parecer do deputado Arthur Maia (PPS-BA), aprovado em comissão especial da Câmara em maio deste ano. Se as condições políticas exigirem mudança de plano, como o enxugamento da proposta, isso será avaliado, mas não sem antes ser checada a viabilidade do parecer da comissão especial.
A votação da reforma já em setembro na Câmara, como prevê o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), é uma aposta alta, sobretudo pelas resistências. Os articuladores do movimento pró-reforma dizem que ela voltará “com força”, de acordo com as previsões feitas por círculos do governo logo após a derrubada da denúncia contra Temer. A apresentação de uma segunda denúncia pode produzir abalos no projeto, mas sem o impacto da primeira.
Por imposição de Maia, a Previdência viria após o prazo limite para aprovação de medidas de ordem político-eleitoral com vistas às eleições do próximo ano. O calendário impõe a largada para esse processo, uma vez que o ano eleitoral torna a discussão de medidas impopulares sempre mais difícil. São aspectos formais, que figuram ao lado da questão central.
O trabalho de recomposição do Projeto Previdência, desativado na Câmara após as revelações de Joesley Batista, em 17 de maio, é meticuloso. As chances de sucesso, na atualidade, não são maiores do que as de insucesso. A credibilidade de Michel Temer para fazer a reforma será cada vez mais questionada. Algumas vozes já defendem que isso seja deixado para 2019, a ser proposto por um novo governo legitimado pelas urnas. Favorece a iniciativa o agravamento da situação fiscal e as perspectivas comprometidas pelo crescimento das despesas obrigatórias, com destaque para o déficit previdenciário.
O governo vai tentar novamente fazer a reforma. A sua liderança na Câmara já trabalha para promover workshops para deputados e jornalistas, com vistas a trazer a questão de volta ao centro dos debates.