Shéridan pode salvar Reforma Política
A Câmara meteu os pés pelas mãos na discussão da Reforma Política. Ficou longe do entendimento sobrea criação de uma alternativa para o sistema proporcional, pelo qual hoje são eleitos deputados e vereadores, e não resistiu às críticas ao fundo bilionário de financiamento eleitoral. Resta aos deputados aprovar uma cláusula progressiva de desempenho a partir de 2018 e o fim das coligações nas eleições proporcionais a partir de 2020.
A PEC 282/16, da cláusula de desempenho e do veto às coligações, teve origem no Senado, o que facilita a tramitação quando voltar àquela Casa. A relatora, deputada Shéridan (PSDB-RR), teme que o rompimento, pelo PP, do acordo quanto as coligações reduza as chances de aprovação da proposta. O partido conta com 45 deputados.
As dificuldades de mudança do modelo eleitoral são antigas e vêm do tempo em que havia políticos tarimbados no exercício do mandato. Assim como a ideia de impunidade, a confiança de que a política seria capaz de resolver os seus problemas no tempo adequado foi atropelada pelo calendário e pela deterioração do sistema político.
É preciso um trabalho persistente para a construção de um mínimo de consenso. Não custa lembrar que a proposta de distritão (voto majoritário) em 2018, como forma de transição para o sistema distrital misto, foi apresentada de última hora por emenda ao relatório do deputado Vicente Cândido (PT-SP). Definitivamente, não é por aí.
Sobre o financiamento eleitoral, sempre que foi consultada a população se manifestou contra arcar com os custos das campanhas eleitorais. Não seria agora, depois de o financiamento empresarial ser banido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e da sucessão de escândalos revelados pela Lava Jato, que o financiamento público seria bem recebido.
É preciso que a política encontre uma outra solução, que dificilmente vai deixar de passar pelo fundo partidário e pelas campanhas de doações individuais.